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0 A ida e encontro com Guimarães.

       Mais ou menos em outubro de 2013 eu recebi uma noticia que mudaria minha vida: Tinha passado em um programa para um semestre de intercâmbio em Portugal. Minha inscrição no programa aconteceu sem nenhum planejamento, eu escutei minha amiga comentar que tinha se inscrito e sem ambição nenhuma de me inscrever também perguntei até quando ia a seleção e ela me disse que acabava naquele mesmo dia. Para mim que não estava nenhum pouco interessada aquilo não fez nenhuma diferença, voltei pra minha casa e segui normalmente com a minha rotina.
       No outro dia entrei no site da faculdade por algum motivo e vi que a inscrição ainda estava aberta e então, não sei porque nem pra que, me inscrevi! Deu tudo errado no inicio, porque as inscrições no meu campus tinham mesmo acabado no dia anterior mas isso não constava no edital, eu entrei em contato com Deus e o mundo pra mudar isso e acabei conseguindo enviar meu nome ao projeto. Fiz tudo isso sem pensar em porque queria aquilo e SE eu queria, foi tudo num impulso louco e eu nem sabia se iria dar certo, uns dias depois recebi a noticia de que tinha dado certo, minha inscrição tinha sido enviada.
       Alguns dias depois, dentro de uma van vi meu nome na listas dos aceitos, meu coração quase parou, me senti feliz e eufórica, sentimentos que logo foram substituídos por incerteza e medo, já que eu não tinha nada certo, meus sequer sabiam que eu tinha me inscrito na seleção. Eu tinha apenas UM dia pra confirmar com a minha universidade se queria ficar com a vaga ou não, então liguei pra minha mãe e vó e conversei com elas explicando a situação ("vó, passei no intercambio, posso ir?" "não, não tenho tempo pra pensar, posso ou não?")  passei para a Universidade do Porto, que não era minha primeira opção nem de universidade e nem de curso (era design de comunicação), eu queria mesmo era a Universidade do Minho no curso de design de moda,  mas mesmo assim levei pra frente (ainda sem pensar e sem saber porque).
       Quando chegou o momento de realizar minha inscrição diretamente com a Universidade as coisas começaram a mudar de novo: a inscrição era complicada demais, eu não conseguia fazer e ao mesmo tempo uma vaga na Uminho não tinha sido preenchida, então eu entrei em contato com a minha faculdade para saber se podia tentar pegar a vaga que estava sobrando, o moço me alertou que pra isso eu teria que desistir antes da Uporto e caso não desse na Uminho eu ficaria sem nenhuma. Desisti e tentei.
       Três dias de agonia se passaram e o Igor, que cuida das relação internacionais da UTFPR, me enviou um email que a Universidade do Minho, Campus Guimarães tinha aceito minha inscrição, agora só bastava esperar que me aceitassem para estudar e lá se vão mais muitos dias de agonia e a nossa carta de aceite chegou: Aceita na Uminho. Ia ser em Guimarães. Hoje sei que sempre foi pra ser lá. Após a carta de aceite começou a loucura de tirar passaporte, conseguir seguro saúde, tirar visto, achar lugar pra morar..depois de muita dor de cabeça, um vôo remarcado devido ao atraso do visto e muito dinheiro gasto dia  14 de fevereiro de 2014 eu embarcava em São Paulo rumo a Guimarães.
       Era a minha primeira vez dentro de um aeroporto, não consigo nem explicar o que senti quando fiquei sozinha dentro da área de embarque, só queria pedir pra minha família que voltassem e me levassem embora. Entrei no avião sozinha, pra voar pela primeira vez e por 9h. não sabia nem o que esperar e já digo: não foi bom. Passei mal quando o avião decolou (hoje já digo que essa é a parte que mais odeio) e não dormi a viagem inteira. Meu voo fazia escala em Madrid, lá recebi ajuda de uma senhora que estava comigo no avião para me orientar e depois conheci uma das meninas que estaria comigo até o fim do intercambio, a Olivia. Eu, Olivia (e Erica, que parou no Porto) embarcamos juntas para Portugal e depois Olivia e eu fomos juntas até Guimarães (de get bus).
       Primeiro pensamento ao ver a estrada para Guimarães: sem graça e cinzento. Primeira impressão sobre Guimarães: cinzento e triste. Era inverno, chegamos com frio e chuva e fomos bem recebidas pela indelicadeza que é de costume para alguns portugueses, que nós deixaram andar na chuva até esperar um taxi. Cheguei na minha casa, primeira impressão? Fria, feia, triste. Lembro muito bem de minhas amigas irem dormir (já moravam lá a 6 meses e eram super familiarizadas com a casa e as rotinas) e eu fiquei sozinha, sem internet, sem notebook graças a tomada brasileira e com frio.
       Tentei comer um ovo (não consegui, tinha ficado horrível) então botei uma roupa quente, me enrolei em duas cobertas e fiquei sozinha na sala (com uma tv que não funcionava) até pegar no sono. Quando consegui sinal de internet mandei fotos pra minha família e namorado tentando passar uma imagem de felicidade e que estava amando tudo, mas na verdade foi um dia HORRÍVEL. Passei o dia me perguntando o que eu estava fazendo lá, porque tinha ido e achei que tinha feito uma burrada e o preço disso ia ser 6 meses de puro sofrimento.
       Com a chegada da Isabela e o tempo as coisas foram melhorando, mas eu tentava arrumar cada vez mais problemas para justificar minha ida de volta pra casa: gripe, problemas com a faculdade, falta de adaptação... Os primeiros 20 dias foram de tristeza interna, de máscara total de felicidade enquanto sofria loucamente por dentro querendo minha casa. Depois de me machucar com isso por um tempo percebi que não adiantava ficar daquele jeito e ia curtir meu intercambio do meu jeito e assim eu fiz.
       Me acostumei com a falta da família, passei a curtir minha casa (mesmo com todos os defeitos que ela tinha) e principalmente, me apaixonei pela minha nova cidade.
No primeira dia em que caminhei por Guimarães já perdi aquela primeira impressão de cinzento e triste. O tempo continuava frio mas a cidade já se mostrava linda a cada passo, quando cheguei no Centro Histório (Patrimonio Cultural da Humanidade pela UNESCO) tive aquele choque cultural enorme de "caraca, estou em outro país" graças as ruazinhas medievais super preservadas, os cafés na ruas, as igrejas super antigas..coisa que eu nunca tinha visto no meu país.
       Mas conforme o tempo passava aquela admiração que eu tinha pela beleza da cidade, pelo fato dela ser toda histórica foi virando amor graças um detalhe: ela era minha cidade agora. Viver como cidadã em Guimarães mudou tudo no meu intercambio, poder andar em volta ao parque da Quintã para ir pra faculdade, ir em sentido as fontes para chegar o Pingo doce, descer até o Guimarães shopping, passear sem rumo dentro do Continente, assistir o Vitória jogar no Estádio Dom Afonso Henriques foram algumas das coisas que fizeram eu me sentir parte daquele local, me fizeram ver que eu não era mais uma estranha perdida em outro país, eu finalmente me senti em casa.
       Hoje, depois de quase 5 meses que estou de volta pro Brasil, só Deus sabe a falta que eu sinto de sair passear pelas ruas de Guimarães. Agora que eu estou aqui de novo eu percebi o quanto eu amei viver em Portugal e as coisas maravilhosas que isso trouxe na minha vida. Hoje eu entendo o amor, o patriotismo louco que os Vimaranenses tem por Guimarães, pois mesmo vivendo lá por apenas 6 meses, aquela cidade me cativou pelo resto da vida, o amor que eu tenho por aquela terra é o mesmo que tenho pela terra em que nasci.
Hoje assisti um vídeo e nele falava a seguinte frase:


“Guimarães não é só um local de ver e fotografar é, sobretudo um local que deve ser sentido, partilhando a vivência diária de uma cidade elegante e com um charme único. Quem visita Guimarães parte sempre com fortes laços de amizade e uma grande vontade de voltar”

       Fiquei feliz em ouvir pois é exatamente o que eu penso: eu senti, eu vivi o dia a dia da cidade como quem nasce lá, tenho o privilégio de dizer que morei em cidade linda, berço de uma nação, ou seja, incrivelmente histórica.Hoje eu sei que Deus fez tudo certo mesmo que por linhas tortas, porque os sentimentos que eu tenho em mim relacionados ao meu intercambio são os melhores que eu posso ter: amor e a saudade boa. E eu sinto de todo coração que essa frase acima verdadeira, é isso que eu vou sentir até pisar novamente naquela cidade: uma grande vontade de voltar.

Minha primeira selfie (16/02/2014. 2º dia- inverno)
Minha última selfie (20/07/2014. 5 dias para ir embora - verão)
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